quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mato Grosso do Sul - Terra de Ninguém, mas com dono

Por João Naves, de Campo Grande (MS) – No Estadão – comento em seguida
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), candidato a reeleição, deu um tapa de mão aberta no rosto do eleitor Rodrigo de Campo Roque, 23 anos, montador de acessórios para automóveis. A agressão aconteceu no bairro Aerorancho II, na periferia de Campo Grande, onde Puccinelli e comitiva estavam realizando passeata. Rodeado por moradores do local, começou a conversar com as pessoas, falando sobre as obras públicas realizadas em seu governo.
Ao dirigir a palavra para o rapaz, perguntou-lhe; “Você lê jornais? Você notou quanto que esse governador já fez por Campo Grande e pode fazer muito mais?”.
A resposta foi fulminante: “Li também que o senhor é ladrão”. Daí veio o tapa, assistido por pelo menos 50 pessoas. Rodrigo foi imediatamente dominado pelos seguranças e colocado em uma viatura policial, por volta de 19h de ontem (21).
Levado para o Cepol (Centro Integrado de Polícia Especializada), onde teve que assinar declaração de que “cometeu injúria real contra o governador”, e só foi liberado as 2h da madrugada de hoje, pelo delegado do Cepol, Paulo Henrique Sá.
O governador está fazendo campanha política protegido por um forte contingente policial porque não deixou o cargo. O vice-governador e o presidente da Assembleia Legislativa também são candidatos, não podem assumir o governo e o presidente do Tribunal de Justiça, diz não ter condições para tanto.
Uma situação que livrou o governador de ser processado. Houve pedido para processá-lo, mas os 24 deputados estaduais negaram. O motivo é o fantástico crescimento do poder aquisitivo de Puccinelli, verificado depois que foi eleito prefeito de Campo Grande.
Nem o governador nem sua assessoria comentam o episódio da agressão.

Comento

Quer dizer que o governador André Puccinelli (que de legal só tem o primeiro nome, hehe...) pôde permanecer no cargo porque não havia mais ninguém disponível na cadeia sucessória no estado? Xi, tem coelho nesse mato...afinal, a legislação eleitoral não é igual para todos?
E o fato de que os 24 deputados estaduais não quererem processá-lo dada sua fortuna pessoal? Nem os adversários políticos se manifestaram e olha que ele os tem e não são poucos. Tá com cheiro de banheiro de rodoviária.
Outra coisa, fazer campanha cercado de forte proteção policial é uso de recursos públicos em prol de um partido, o que é proibido, é ilegal.
Mas o que me espanta mesmo foi que além de apanhar (eu o processaria por lesão corporal) o rapaz ainda foi forçado a assinar confissão por ato que não praticou. Ele não chamou o pugilista de ladrão, ele disse ter lido isso num jornal. O tapa, se merecido, deveria ser desferido contra o editor do tal veículo de comunicação. Se eu disser que li num jornal que a candidata atrapalhada é um poste, significa que a estou chamando de poste? Claro que não! Mas claro que ela é.

Nenhum comentário:

Postar um comentário