terça-feira, 27 de julho de 2010

Ele não é ele

Na folha on-line - comento em seguida
Quando viu publicado na Folha de ontem os 19% de intenção de votos para o Senado, percentual apurado na pesquisa Datafolha, Ciro Moura (PTC), candidato ao Senado por São Paulo, ficou surpreso. O sentimento foi compartilhado por aliados e adversários.
Há quase 20 anos disputa cargos. Nunca se elegeu: "Pela minha trajetória achei que teria um bom número, mas não nesse patamar".
A explicação para o percentual alcançado na pesquisa pode estar na estratégia adotada pelo candidato. Em registro na Justiça Eleitoral, Ciro Moura excluiu o sobrenome do cadastro de seu nome de campanha.
Assim, Ciro Moura tornou-se apenas Ciro para o eleitor.
Datafolha tem como critério apresentar na pesquisa o nome de campanha registrado pelo candidato. E, na avaliação de Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, ao se deparar com o nome Ciro na cédula, o eleitor pode ter feito uma associação com o deputado federal Ciro Gomes (PSB). "E essa é uma confusão que pode acontecer na hora do voto", ressaltou.
Comento
Em primeiro lugar, duvido que Ciro Moura tenha sinceramente se surpreendido.
Segundo, chamar de estratégica a prática de enganar o eleitor, aí não dá. O político nanico, que fica sempre entre 1 e 2% nas pesquisas e que nas urnas nem isso mantém, viu, ao subtrair-se de seu próprio sobrenome a chance de confundir sua irrelevância com a visibilidade alheia.
Os petralhas costumam apropriar-se de feitos dos outros e pedem para pensem que Dilma é Lula e vice-versa, mas Ciro Moura, talvez inspirado neste método, foi mais longe. Quis fazer o eleitor pensar que ele não é ele.
Só me entristece a constatação de que o eleitor paulista, que tem pleno acesso aos meios de comunicação e deveria saber que o Ciro autêntico não é candidato a nada, deixou-se ludibriar por uma tamanha falcatrua eleitoral.

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