terça-feira, 20 de julho de 2010

JB extingue sua versão impressa, permanecendo apenas a eletrônica

Acionistas e o conselho de administração do Jornal do Brasil decidiram pela extinção por meio impresso daquele veículo, mantendo apenas a edição eletrônica, o que causou a saída do presidente executivo e muita chiadeira no meio jornalístico.
O fato é que muita gente vem falando, já faz tempo, sobre isto como sendo uma tendência que provavelmente atingirá a muitos, senão todos, os chamados jornalões.
Não é isto, exatamente, que eu quero comentar, mas já chego lá.
Jornalistas renomados reclamam que as versões eletrônicas são resumidas em demasia, numa condensação que não permite espaço para análises mais profundas sobre o quer que se esteja publicando. Limita também o mercado de trabalho, convenhamos.
O que pesa, neste e em todos os casos, é o desejo do consumidor. Os leitores não querem mais manusear um papelório composto por dezenas, aos domingos centenas, de páginas que misturam notícias do mercado financeiro com entretenimento, esportes com notas de falecimento, culinária com discussão política, horóscopo com questões ambientais, publicidade com religião e por aí vai. Não é tudo que interessa ao leitor e mais que isso, a notícia lida às 8:00hs permanece a mesma às 23:00hs, indiferente à possibilidade de, no transcorrer do dia, aquele político ter desdito aquilo que afirmou horas antes, a bolsa ter oscilado com impacto na cotação do dólar, uma chuva dos infernos ter inundado alguma cidade, uma liminar ter suspendido uma decisão da justiça, etc.
É a razão de ser do jornalismo online. Não suja as mãos, não ocupa espaço e é permanentemente vivo, a um clique do leitor. Mas, e agora chego ao ponto, a coexistência entre o material impresso e o digital obriga as empresas a manterem dois times de jornalistas. Os mais antigos e experientes permanecem dedicados basicamente ao modelo tradicional. Sobra espaço para os jovens. E como todos sabem, jovens costumam falar besteira. É da natureza. A história do Brasil para eles, assim como para o molusco, começou ali por volta de 2.003. Tudo o que sabem aprenderam em sala de aula, na fala de professores bucéfalos e caolhos. Não há ombudsman para o jornalismo online. Notícias têm de ser publicadas a cada minuto, cuspidas feito metralhadora rotativa. Escreve-se o que rapidamente se pensa, sem crivo, sem confirmação. O leitor que se vire para filtrar o que faz sentido, o que procede. Os veículos de informação precisam encontrar o equilíbrio entre imediatismo e ponderação. Ainda não acertaram o pé.

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