terça-feira, 27 de julho de 2010

Gente que não pensa

Eu tenho muito medo quando certa gente resolve pensar e inovar. Na pretensa iniciativa de proteger os trabalhadores dos maus patrões que se recusam a pagar horas extras trabalhadas, o Ministério do Trabalho determinou que todas as empresas com dez ou mais funcionários passem, obrigatoriamente, a adotar um novo sistema de registro de frequência de carga horária dos funcionários, que hoje conhecemos como relógio-de-ponto.
Trata-se de um novo equipamento eletrônico que efetua a leitura do registro do funcionário, por código ou crachá e imprime um bilhete com a data e hora da chegada ao trabalho, da saída e de retorno do almoço, bem como o término do expediente.
O bilhete é impresso na mesma tecnologia e aparência dos tíquetes de pedágio, também como os comprovantes de compras com cartão de crédito, e o funcionário guarda os bilhetes como prova de sua jornada.
O MT ia publicar no Diário Oficial e, êpa!, foram avisados de que o tal equipamento não está disponível no mercado. Ah, tudo bem, vamos adiar a exigência por 90 dias, para que a indústria o fabrique, o comércio o disponibilize e o patronato o instale.
Comento
- O investimento inicial entre R$ 3 e 4 mil é absurdo para uma empresa com 10 funcionários.
- Os equipamentos já existentes viram sucata imediatamente.
- Uma empresa com mil funcionários imprimirá 88 mil bilhetes num mês de 22 dias úteis.
- As bobinas são caras.
- Esta determinação é absolutamente antiecológica.
- E, o pior: quem já guardou um comprovante de compra com cartão de crédito por 1 ano, sabe: A impressão é extremamente delével. A tinta seca, desfragmenta-se e não se enxerga mais nada.
Atualmente, a maioria dos pleitos pelo recebimento de horas extras ainda que não comprovadas são atendidas pelos Juízes do Trabalho, pois cabe à classe patronal provar o contrário.
Daqui a 90 dias o problema passará a ser exclusivamente do empregado, com seus papeizinhos ilegíveis.

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