sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Descriminilização da Cueca

Em política, nenhum outro item do vestuário masculino ficou tão em voga quanto a cueca.
Todos se lembram, evidentemente, dos dólares na cueca no escândalo do PT. Assim como, mais recentemente, o único ex-político em atividade, o senador Eduardo Suplicy, desfilando com uma vermelha vestida por cima das calças, nos corredores do Senado a pedido de Sabrina Sato, do programa Pânico na TV. Apesar do mal gosto, descompostura e, porque não, falta de decoro, nem chegou a receber reprimenda formal. Como todo senil ou idiota ou ambas as coisas, o senador é inimputável. Ninguém liga para o que ele fala ou faz, como nesta semana em que publicou um vídeo sugerindo ao eleitor que vote na "Mulher-Pêra" (assim mesmo: com circunflexo no e) afirmando que a candidata de 22 anos do interior paulista é uma mulher séria. Suplicy deve conhecê-la bem.
Mas as histórias envolvendo cuecas remetem a 1.926, quando a coisa era um pouco mais séria. Era ano eleitoral e um candidato à reeleição, de sobrenome Barreto, de tradicional família, resolveu adotar como mote de campanha a imagem de "amigo dos pobres". Chamou 2 marqueteiros (sim, já existiam) para que lhe sugerissem alguma estratégia. Foi quando ouviu que nada melhor que aparecer ao público numa foto vestindo uma bela casaca, daquelas que deixavam o sujeito com aparência de um pinguim. "Os pobres adoram pessoas nobres, Barreto".
Como estava em casa, foi até seus aposentos e voltou com uma das muitas que possuía. Vestiu a parte de cima e, quando pegou as calças, ouviu que não havia necessidade de vestí-las pois a foto sairia da cintura para cima. Assim, foi fotografado de casaca e de cueca.
No final de semana seguinte, o candidato foi capa da revista Cruzeiro (uma espécie de Veja daquele tempo). O problema, até hoje não esclarecido, foi que a foto trazia a imagem de Barreto dos pés à cabeça. Um escândalo. Dos 180 políticos com mandato cassado na história da república, ele foi o primeiro.

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